IMPRIMA O ARTIGO

MANOEL DA FONSECA SILVA JÚNIOR

Um filho de Rio das Ostras herói da Guerra do Paraguai

Dá-nos orgulho haver tirado do injusto esquecimento de mais de 150 anos o nome de um amigo de Casimiro, o bravo Fonseca Júnior, que na defesa da Pátria trocou as ensolaradas praias de Rio das Ostras por insalubres campos de batalha.

O simples fato de um moço brasileiro ter morrido na Guerra do Paraguai não faz dele um herói. Mas se dissermos que esse moço era filho de uma poderosa e prestigiada família de Rio das Ostras, e que aos vinte e poucos anos deu adeus ao conforto do lar paterno, juntou-se aos “Voluntários da Pátria”, e foi deixar seus ossos enterrados em terras paraguaias, não há como lhe negar o título de Herói.

Diante disso, vamos lembrar alguns fatos da saga desse jovem, amigo íntimo de Casimiro na infância, na vida adulta, e até mesmo em seus últimos dias, pois foi com ele que o poeta, que desde o final de julho de 1860 se achava convalescendo em Nova Friburgo, desceu em fins de setembro para a Fazenda do Indaiaçu, onde veio a falecer alguns dias depois, em 18 de outubro.

O pai de Fonseca Júnior (como esse moço se assinava), era português, de Lamego, nascido em 1811, enquanto a mãe, nascida em 1822, era de Rio das Ostras, de uma família de grandes proprietários de terra naquela localidade, parte do município de Macaé até 15 de setembro de 1859, data em que passou a pertencer a Barra de São João, e depois a Casimiro de Abreu (RJ) até 10 de abril de 1992, quando se emancipou, transformando-se no atual município de Rio das Ostras (RJ).

Integral e fielmente transcrito, eis o assento de batismo de Fonseca Júnior, que se encontra na folha 140 do livro no 2 (1827-1846) da Matriz de Barra de São João:

“Manoel – inocente – Aos vinte e três dias do mês de Junho de mil oitocentos quarenta três annos nesta Matriz da Sacra Família, com permissão do Rdo. Vigário Jerônimo Ferreira de Souza, Baptizei Solemniter e pus os Santos Óleos ao innocente Manoel filho legítimo de Manoel de Afonseca e Silva e de Joanna Rosa de Siqueira, neto paterno de Bernardo da Costa e Silva e Joanna Maria da Afonseca, neto materno do Capitão José Amador de Siqueira e D. Barbara Maria da Conceição de Siqueira, foram Padrinhos Francisco de Sá Pinto de Magalhaens e D. Luiza Carlota de Sá e para constar fiz este assento q. assignei era ut Supra. O Padre Luiz Francisco de Freitas” 

Lamentavelmente, o termo de batismo não diz o ano em que o menino nasceu, mas nos traz duas boas informações. A primeira, é que ele foi batizado pelo padre Luiz Francisco de Freitas, o mesmo que batizou Casimiro; a segunda, é que seus padrinhos foram o boticário Sá Pinto e sua esposa, pais da futura mãe de Washington Luís, Florinda, que nosso futuro herói namorava às escondidas do pai dela, como deixa transparecer em carta dirigida a Casimiro.

Voltando à questão da data de nascimento de Fonseca Júnior, acrescentamos que no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro há uma farta documentação sobre a Guarda Nacional, instituição criada a 18 de agosto de 1831, visando a contornar os problemas advindos da abdicação de D. Pedro I em 7 de abril daquele ano. Aos poucos, cada município foi formando a sua própria guarda, como foi o caso de Barra de São João, que a criou em 1859, e à qual Fonseca Júnior pertenceu, o que explica haver no citado Arquivo Público as duas referências abaixo, que nos levam à quase certeza de ter ele nascido em 1841 ou 1842:

Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro – Guarda Nacional – (Dossiê 269, Col. 108, Caixa 97, Pasta 12): 1) “Manoel da Fonseca Silva Júnior, Guarda Nacional do serviço ativo, filho de Manoel da Fonseca e Silva e de D. Joanna Rosa de Siqueira Fonseca, 20 anos, filho-família, rendimento da Lei” (Quartel do Comando da 4ª Secção do Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional do Município da Vila da Barra de São João, em 20 de Junho de 1862). 2) “Manoel da Fonseca Silva Júnior, Alferes, 23 anos, Lavoura. Nomeado em 1º de setembro de 1862, tirou patente em 17 de outubro do mesmo ano. Está na lista de serviço ativo. Goza saúde e cumpre seus deveres. Em 6 de dezembro de 1864”

A última das datas acima, “6 de dezembro de 1864”, nos faz pensar que já tivesse a ver com a intenção de Fonseca Júnior se apresentar como combatente voluntário no conflito que eclodira entre Brasil e Paraguai. Afinal, àquela altura, era escasso o contingente de tropas com que o nosso governo contava, o que o levou, pelo Decreto Imperial 3.371, de 7 de janeiro de 1865, à criação do Corpo de Voluntários da Pátria. Vejam, a propósito, esta nota publicada na primeira página do no 14, de 18 de março de 1865, do jornal Voz da Barra, de Barra de São João:

“Noticiário – O Alferes da Guarda Nacional Manoel da Fonseca e Silva Júnior partiu para o Rio de Janeiro a fim de alistar-se como voluntário. É mais um que se vai unir a esta brilhante plêiade de bravos que não duvidam derramar seu sangue em defesa da pátria! He moço de boas qualidades, inteligente, natural desta Vila, e filho do prestimoso fazendeiro Manoel da Fonseca e Silva, um dos membros mais proeminentes do partido conservador. A vontade do filho harmonizando-se com a vontade do pai deu em resultado este ato de tanto civismo! Tanto mais nobre e louvável se torna o ato, quando é certo que de há tempos a esta parte o Sr. Fonseca tem sido lançado à margem pelos homens da atualidade. Pondo de parte as demissões e preterições que sofreu, como conservador calmo e refletido, só teve em mira o bem da pátria, sem se importar com a injustiça dos homens!”

O jornal não cita a data da partida de Fonseca Júnior, mas sabemos que foi no dia 11 que ele seguiu para a Corte no iate Vencedor, e que com ele viajou o seu irmão João Xavier da Fonseca, de 12 anos de idade. Chegaram no dia seguinte, e já no dia 17 o Diário do Rio de Janeiro anunciava que, na véspera, tinha sido apresentado ao presidente da província do Rio de Janeiro um novo grupo de voluntários, sendo oito de Piraí, dois de Iguassu, e “O alferes da guarda nacional do município da Barra de S. João, Manoel da Fonseca e Silva Júnior, enviado pelo comandante superior Bento Carneiro da Silva.”

Seis meses mais tarde, vamos achá-lo na Vila de Uruguaiana, no 4º Corpo de Voluntários da Pátria junto ao Exército em Operações na Província de S. Pedro do Sul. Já não é mais um simples alferes. Seu nome vem agora precedido por um “Sr. Tenente” na Ordem do Dia no 23, de 7 de outubro de 1865, assinada pelo Ten. Gen. Manoel Marques de Souza, Conde de Porto Alegre, Comandante do Quartel General de Uruguaiana. Aliás, o fato de se achar aquartelado naquela vila gaúcha, dá nova dimensão à vida militar e à biografia de Fonseca Júnior, já que esteve presente à rendição das tropas paraguaias, e recebeu a medalha da “Retomada de Uruguaiana”, criada pelo nosso governo em 20 de setembro de 1865.

Vale lembrar que, embora a Guerra do Paraguai tenha eclodido nos últimos dias de 1864, quando o governo paraguaio ordenou o apoderamento do “Marquez de Olinda”, embarcação brasileira que navegava pelo rio Paraguai tendo a bordo o Cel. Frederico Carneiro de Campos, novo Presidente da Província de Mato Grosso, foi só no ano seguinte que os episódios mais violentos do conflito viriam a ocorrer, desta vez no sul do Brasil. Ali, em 5 de agosto, após ocupar e saquear São Borja e Itaqui, soldados paraguaios comandados pelo Tenente Coronel Antonio de La Cruz Estigarribia invadiram também Uruguaiana, deixando à mostra a fragilidade das nossa tropas, agravada por conflitos existentes entre os líderes gaúchos.

Diante disso, o governo imperial entendeu que era forçoso mudar o rumo da condução da guerra, ou melhor; que era urgente, antes de tudo, pacificar o sul do país, o que levou D. Pedro II a seguir para lá. Partindo do Rio de Janeiro em 10 de julho, chegou a Uruguaiana em 11 de setembro de 1865, já encontrando ali o Generais Bartolomeu Mitre e Venancio Flores, respectivamente Presidentes das Repúblicas da Argentina e do Uruguai, que haviam chegado no dia anterior.

Deve-se destacar, porém, que antes da chegada do Imperador ao sul, as tropas paraguaias já vinham dando mostras de esgotamento, resultante do desgaste que lhes fora imposto por soldados argentinos e uruguaios. Com a chegada de D. Pedro II e a reorganização das tropas brasileiras, em poucos dias se obteve de Estigarribia a deposição das armas, expressa no documento que transcrevemos a seguir, e que foi assinado na presença de D. Pedro II e dos Generais Mitre e Flores. 

“Comando da divisão paraguaia na vila sitiada da Uruguaiana, 18 de setembro de 1865. O abaixo assinado aceita as proposições de S. Ex. o Ministro da Guerra e deseja unicamente que sua Majestade o Imperador do Brasil seja o melhor garante deste ajuste. A ele e a V. Ex. me confio e me entrego prisioneiro de guerra com a guarnição, submetendo-me às condições prescritas por V. Ex. O abaixo assinado espera que V. Ex. procederá imediatamente a ajustar com ele o modo como se deve efetuar o desarmamento e entrega da guarnição – Antonio Estigarribia”. 

Ora, Fonseca Júnior recebeu a medalha da “Retomada de Uruguaiana”, o que nos mostra que assistiu ao ato da rendição paraguaia. Diante disso, podemos supor que, ainda que não tenha podido se dirigir pessoalmente a D. Pedro II, o fato de o ver na Vila em que o monarca permaneceu alguns dias, deve tê-lo transportado aos tempos de menino, à casa paterna, e à lembrança da sua saudosa mãe. Afinal, ele não ignorava que 18 anos antes, na manhã de 27 de abril de 1847, vindo de Macaé com destino a Barra de São João, o Imperador, àquela altura com 22 anos de idade, fizera uma parada de quase uma hora em Rio das Ostras, e que ali, após as homenagens que a população local lhe prestara, fora acolhido em sua casa para alguns minutos de descanso. Sabia mais; que Manoel e Joanna lhe haviam oferecido uma recepção tão digna e carinhosa, que três meses mais tarde, em retribuição, o Imperador premiara Manoel da Fonseca Silva com uma cobiçada honraria, fazendo-o “Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa”.

Pouco depois, em 25 de janeiro de 1866, o “Tenente Manoel da Fonseca Silva Júnior, do Quarto Corpo de Voluntários da Pátria”, aparece “agregado ao Primeiro Corpo sob o Comando do Gen. Manoel Luiz Osório, Marquês do Herval”, no Acampamento junto à Lagoa Brava, região assolada por um surto de varíola. Dali, em 18 de março de 1867, “nomeado Capitão em comissão do 40º para o 35º Corpo de Voluntários da Pátria”, passa a subordinar-se ao Quartel General de Tuyuti, de onde, menos de um mês mais tarde, vem o penúltimo registro que se tem dele. Trata-se de uma foto sua, por ele oferecida ao bravo Capitão Fortunato de Campos Freire com uma dedicatória reveladora; a de que em 10 de abril de 1867 ele estava em Potrero Piris. Depois disso, um silêncio de quase nove meses, até 22 de janeiro de 1868, quando se fica sabendo de sua morte, anunciada na Ordem do Dia do Quartel General de Tuyu-Cuê: 

“Comando em Chefe de todas as forças Brasileiras em operações contra o Governo do Paraguay. S. Exc. O Sr. Marquez, Marechal e Comandante em Chefe manda dar publicidade às ocorrências que se seguem, a fim de que cheguem ao conhecimento das forças sob seu comando e tenham a devida execução. Quartel General em Tuyu-Cuê, 22 de Janeiro de 1868 

“Ordem do Dia 183 (…) Falecimentos: Dos Srs. Capitães do 40º Corpo de Voluntários, Manoel da Fonseca Silva Júnior, João Francisco de Azevedo, e João da Silva Reis, o 1º em 30 de Dezembro do ano próximo passado, o 2º no 1º do corrente; ambos de cólera morbus; e o 3º em 15 também do corrente de enfermidade adquirida em campanha; todos no acampamento de Tayi. Alferes do 18º corpo provisório de cavalaria, Antonio Manoel dos Santos, em 16 do corrente, no mesmo acampamento; de moléstia também adquirida em campanha. O Coronel João de Souza da Fonseca Costa, Chefe do estado-maior”

Posteriormente, em 1877, o Governo mandou imprimir as Ordens do Dia dos anos da guerra, sob o título de Exército em operações na República do Paraguay sob o comando em chefe de todas as forças, de S. Ex. Sr. Marechal do Exército Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias. O conjunto foi impresso no Rio de Janeiro, na Tipografia de Francisco Alves de Souza, Rua do General Câmara, 97. No 3º volume estão as Ordens 172 a 225, sendo que a de no 183, onde é citada a morte de Manoel da Fonseca Silva Júnior, está na página 73 do 5º volume.

Acrescente-se que no sábado de 8 de fevereiro de 1868, como se pode ler no Jornal do Commercio desse dia, Manoel da Fonseca Silva, seus filhos João Xavier e José, mais suas filhas Maria Joana e Bárbara Rosa (esta, com seu primo e marido Luiz Amador de Siqueira), mandaram rezar uma missa às sete horas da manhã na capela de Santa Rita, na Corte, em memória do filho, irmão e cunhado Fonseca Júnior.

NOTA

No início deste artigo, dissemos ter sido com Fonseca Júnior que Casimiro desceu da serra para o Indaiaçu. Sabemos disso por uma carta que em 29 de setembro de 1860, de Nova Friburgo para o Rio de Janeiro, Casimiro envia a Costa Cabral e lhe diz a certa altura:

 “─ O Fonseca mandou-me visitar pelo filho, que parte amanhã, e eu vou em sua companhia até o Indaiaçu. Se não puder ir, volto; podendo, demorar-me-ei alguns dias na Fazenda e volto a Friburgo ─”

Ora, Manoel da Fonseca Silva tinha três filhos e três filhas. Os rapazes eram Manoel da Fonseca Silva Júnior, João Xavier da Fonseca, e José da Fonseca Silva. Em 1860, teriam as seguintes idades: Manoel, perto de 20 anos; João, sete; José, seis. Hão de convir que nenhum pai mandaria um filho ainda criança visitar alguém a uma distância tão grande como a que separa Rio das Ostras de Nova Friburgo.

O original da carta extraviou-se, mas há dele na Biblioteca Nacional uma fotocópia. Seu texto completo e comentado pode ser lido nas páginas 252 a 255 da Correspondência Completa de Casimiro de Abreu por nós organizada e comentada, e publicada em 2007 pela Academia Brasileira de Letras, livro que se acha integralmente transcrito no site da ABL. Buscar “Coleção Afrânio Peixoto” dentro de “Coleções da ABL”. 

ADENDO 1 — Carta de Fonseca Júnior a Casimiro

1860.mai.02 – De Lumiar para a Fazenda do Indaiaçu, Manoel da Fonseca Silva Júnior escreve a Casimiro. Papel verde água, pautado, quatro páginas de 21 por 28 cm, endereçamento na quarta, “Ilmo Sr. Casemiro de Abreu – Andaiassú”. Documento em perfeito estado de conservação. Ver M.113 em microfilme ou cd. Original: Coleção Carlos Lopes Abreu, Vila Nova de Famalicão, Portugal.

“Lumiar 2 de maio de 1860

Casemiro

Pelo Sr. Francisco José Teixeira Bastos te remeto as botas, e uma carta que veio pelo correio. O Francisco Bastos (da Barra) escreveu-me mandando-me dizer, que em casa do Pai se achava um baú teu; vindo da Corte.

O Sá Pinto já foi para Macaé.

Aquilo que o Fulgêncio te queria dizer era: a Luísa escreveu-lhe mandando pedir outra vez o retrato, e disendo (sic) que tudo quanto tinha feito era forçada pelo Pai; mas que lhe perguntava o que queria que ela fizesse, que estava pronta para tudo. O Fulgêncio está muito satisfeito; e eu também, por ir ver amanhã a minha Florinda. Peço-te que não se esqueça de dar o recado ao Matos, do Sr. Gervásio José Rodrigues

Saúde te deseja

Teu sempre amigo

Fonseca Júnior

P.S.

Foi feita a vapor, 

leia como puder.”

NOTAS

1. Lumiar não se refere aqui ao seu homônimo e 5o distrito de Nova Friburgo, mas ao belo local próximo a Vila Verde e ao Morro de São João, perto de Rio Dourado, onde se encontra a Fazenda Lumiar, e onde Manoel da Fonseca Silva, pai de Fonseca Júnior, tinha propriedade. Quanto à Fazenda Lumiar, pertence atualmente (desde 1992) ao engenheiro civil, Dr. Luiz Adílson Bon, proprietário também (desde 1989) da Fazenda Ventania, vizinha à primeira. Da Fazenda Lumiar à Fazenda do Indaiaçu são cerca de três léguas, vale dizer, de 18 a 20 quilômetros.

2. Francisco José Teixeira Bastos morava em Bom Jesus, perto da povoação da Lontra e da Fazenda do Indaiaçu. Era, além de vizinho, compadre do pai de Casimiro, que juntamente com Claudino Antônio Marques de Abreu, fora padrinho de casamento de sua filha Luísa com João Antônio de Macedo, casal de que veio a ser neta a atriz cômica Zezé Macedo, uma das glórias do teatro e do cinema brasileiros.

3. Francisco Bastos, o Bastos “da Barra” citado por Fonseca Júnior, era, ao lado de Bento e José Antônio, um dos três filhos de Antônio Ribeiro Bastos, rico negociante de Barra de São João, que cada vez mais acredito fosse o verdadeiro dono do Trapiche (ou Armazém) onde se acha hoje a “Casa de Casimiro de Abreu”. Quanto ao baú citado, viera da Corte, enviado por Camacho Falcão, e continha material de luto.

4. Vê-se que os rapazes esperavam Sá Pinto afastar-se (além da botica de Barra de São João, ele tinha outra em Macaé), para namorarem suas filhas. Aqui se vê que Fulgêncio namora Luísa, que na verdade irá casar-se com o Dr. Apolinário Quintino Teixeira de Sousa Marajó, e que Fonseca Júnior namora Florinda, que será desposada por Joaquim Luís Pereira de Sousa e virá a ser mãe de Washington Luís. Já a outra filha de Sá Pinto, Amélia, essa, como já foi dito anteriormente, se casará com seu tio paterno, Torquato José de Sá Pinto, tabelião em Macaé, procurador e advogado do pai de Casimiro. As filhas de Sá Pinto eram ligadas à música e dedicavam-se ao canto. Viria talvez daí o gosto musical de Washington Luís, que tinha voz de barítono e arriscava suas árias, sobretudo a Celeste Aída de Verdi, a sua preferida.

5. Suponho que Fulgêncio (Fulgêncio Augusto de Barros Ribeiro), fosse filho de José Antônio de Barros Ribeiro, que de sociedade com seu provável irmão Antônio Leopoldino Ribeiro, era grande negociante de café, dono da firma Barros & Leopoldino, à Rua de São Bento, 19, Corte. Fulgêncio, por sua vez, seguirá a tradição da família e se dedicará ao mesmo ramo de negócios. Quanto ao seu provável tio, o abastado tramontano Antônio Leopoldino Ribeiro, lembro que foi na sua casa, que ainda existe e pode ser vista em Barra de São João, que o Imperador D. Pedro II se hospedou na noite de 23 para 24 de abril de 1847.

6. Vê-se que havia pouco tempo que os três amigos, Fonseca Júnior, Fulgêncio e Casimiro, haviam-se encontrado. Talvez que Fonseca Júnior e Fulgêncio tenham ido visitar Casimiro na Fazenda do Indaiaçu. Mas pode ser também que as conversas entre os três tenham-se dado nos dias que antecederam a morte de José Joaquim, período em que Casimiro permaneceu na Vila de Barra de São João.

7. O Matos a que se refere Fonseca Júnior é José Carvalho Rangel e Matos, administrador da Fazenda do Indaiaçu. Juntamente com João Antônio de Macedo, ele aparece como testemunha no testamento de Casimiro. Quanto a José Gervásio Rodrigues, não consegui identificá-lo.

8. A correspondência completa de Casimiro encontra-se no site da Academia Brasileira de Letras. Deve-se buscar: “Publicações”, “Coleções da ABL”, “Coleção Afrânio Peixoto”, e clicar em “Casimiro de Abreu Correspondência Completa”. A carta de Fonseca Júnior a Casimiro está nas páginas 208 a 210.

ADENDO 2 — Artigo de Fonseca Júnior sobre Casimiro

“CASEMIRO DE ABREU

“Eu que fui teu amigo inda na infância,

Quando as almas das rosas na fragrância

Bendizem só a Deus —

Hoje venho nas cordas do alaúde

Sentido e grave, a beira do ataúde

Dizer-te o extremo adeus!”

(C.de Abreu – Primaveras)

          Marca hoje a pêndula do tempo, o primeiro aniversário da morte de Casemiro de Abreu; e neste dia, para mim de bem triste recordação, devo depor uma saudade à memória desse distinto amigo. Faz hoje um ano que o corpo inerte do ilustre cantor das Primaveras vagou no estreito espaço de um túmulo, e nele jaz dormindo esse sono da eternidade! Mísera condição humana!… Pobres criaturas que somos! Queremos desafiar o céu, e rolamos como a folha seca diante do vento!… Nestes sublimes versos que ele dedicava à lembrança de Messeder, são-lhe agora muito adequados:

“É triste ver a flor que desabrocha

Ou quer no prado, ou na deserta rocha,

Pender no fraco hastil!

É bem triste dos anos nos verdores

Morrer mancebo, no brotar das flores,

Na quadra juvenil!

Meu Deus! tu que és tão bom e tão clemente,

P’ra que apagas, Senhor, a chama ardente

Num crânio de vulcão?

Pr’a que poupas o cedro já vetusto

E, sem dó, vais ferir o pobre arbusto

Às vezes no embrião?!…”

          Casemiro de Abreu nasceu a 4 de Janeiro de 1839; morreu na primavera da existência, no verdor dos anos, e quando um futuro se lhe anteolhava todo risonho!… morreu, quando começava de novo a viver!… Na sua curta duração aqui na terra, deixou vestígios que farão a sua memória se perpetuar: porque Deus deixara naquela cabeça a centelha sagrada. Além desses harmoniosos versos que nos legou, ⎯ as Primaveras, também Camões e Jau (sic) é inspiração sua, e obra muito digna de mérito. Em Lisboa, e quando contava apenas 15 anos, enriqueceu com suas produções as colunas da Ilustração Luso-Brasileira, da qual era também redator, tendo por colegas A. Herculano, Mendes Leal, Mendonça, Latino Coelho, etc. notabilidades estas que lhe teceram grandes elogios.

          Contrariado em suas aspirações, por quem as devia animar, conhecia-se através de sua fronte calma, o pressentimento duma dor oculta que lhe feria o imo d’alma. Desgostoso de si, fez uma poesia em que se despedia de seus sonhos de glórias, jurando não fazer mais um verso! O Mercantil de 11 de Outubro de 1859, publicou essa triste e bela poesia. Quebrou porém o seu propósito para fazer uma à morte de seu Pai, na qual lamentava-se o não segui-lo!… Deus fez-lhe a vontade… daí a seis meses deixou de existir dentre nós, e voou para a sua companhia. O jovem poeta Casimiro de Abreu era bom filho, bom irmão, e bom amigo; era enfim uma verdadeira alma de poeta. Nesta minha rude linguagem, inspirada pelo dever da amizade, revelo a mágoa extrema que senti pela morte desse amigo de infância, cuja perda pranteio, desde o infausto dia 18 de Outubro de 1860.

“Descansa! se no céu há luz mais pura,

De certo gozarás nessa ventura

Do justo a placidez!

Se há doces sonhos no viver celeste,

Dorme tranquilo à sombra do cipreste…

– Não tarda a minha vez!”

Barra S. João 18 de Outubro de 1861.

                                                                                                      F. J.

O artigo acima foi publicado em 5 de fevereiro de 1862 n’O Popular de Porto das Caixas, junto a letras de duas modinhas, a um texto em prosa, e às palavras (Do S. Joaneiro), deixando claro tratar-se de material reproduzido do jornal de Barra de São João. E para que possamos expor a nossa tese de que seu autor é Manoel da Fonseca Silva Júnior, amigo de infância e vida adulta de Casimiro, pedimos que leiam os versos de “Perdão, meu Pai se em loucos desvarios”, e os comentários que lhes juntamos, transcritos das páginas 265 e 495/496 da Obra completa de Casimiro de Abreu, por nós organizada, comentada, e publicada em 2010 por G. Ermakoff Casa Editorial, em coedição com a Academia Brasileira de Letras.

Perdão, meu Pai, se em loucos desvarios

Perdão, meu Pai, se em loucos desvarios

Manchei-te as cãs honradas da velhice

A ovelha desgarrada nos desvios

Volta ao redil…

Se pequei foi por muita mocidade

Muito fogo dos anos na verdura.

Mas hoje o coração – todo saudade

Vem remir-se na tua sepultura.

Se pequei, choro a louca mocidade,

E beijo dos teus restos a poeira.

– Eterna guardarei esta saudade,

Eterna guardo a bênção derradeira!

Tropecei pela estrada mal trilhada,

Onde amargam os pomos mais que escassos.

Debalde ergui a fala já cansada

Descri, caí, mas fui cair-te aos braços.

Não era culpa minha se esta vida

Enchi de aspirações desde menino,

A criança no berço adormecida

Já traz na fronte o selo do destino.

Perdão, perdão pra mim que arrependi-me

Da cegueira fatal, do errado trilho.

Se a dor lava o pecado – lava o crime,

Da falta filial a dor do filho!

Publicado pela primeira vez por Alves Cerqueira em junho de 1940 na Revista do Clube Militar, republicado 16 anos depois por Arnaldo Nunes em Autógrafos de Casimiro de Abreu (Separata do volume no IX da Revista da Academia Fluminense de Letras, Niterói, 1956), este trabalho tem sido visto e estudado como rascunho de um poema em processo de composição. Da minha parte, estou certo de que foi concluído, mas que o texto definitivo se extraviou. Foi uma perda imensa. Pode-se imaginar a força que teria, já que, mesmo assim, no estado em que se encontra, é dos mais comoventes da poesia brasileira.

Casimiro, acredito, compôs o poema, ou na Fazenda do Indaiaçu, ou mais provavelmente em Lumiar, local que não deve ser confundido com seu homônimo e 5º distrito do município de Nova Friburgo. O Lumiar a que me refiro, é uma bucólica gleba situada em Vila Verde, entre Barra de São João e a cidade de Casimiro de Abreu (RJ), cujo núcleo foi a Fazenda do Indaiaçu. Hoje, em Lumiar, encontra-se a Fazenda Lumiar, do Dr. Luiz Adílson Bon, engenheiro civil, dono também da vizinha Fazenda Ventania. De Lumiar ao local em que ficava a fazenda do pai de Casimiro, são cerca de três léguas, isto é, de 18 a 20 quilômetros.

Quanto à minha suposição de que o poema tenha sido concluído, baseia-se no artigo intitulado “Casemiro de Abreu”, que tive a sorte de achar publicado no no 762 de 5 de fevereiro de 1862 do jornal O Popular, de Porto das Caixas. Nesse texto, datado de “Barra S. João 18 de outubro de 1861.”, o autor, que se assina “F. J.”, relembra alguns aspectos da vida de Casimiro. Assim começa o artigo: 

“Marca hoje a pêndula do tempo, o primeiro aniversário da morte de Casemiro (sic) de Abreu; e neste dia, para mim de bem triste recordação, devo depor uma saudade à memória desse distinto amigo.”

Depois, algumas linhas adiante, ao abordar o ponto delicado das incompreensões paternas, acrescenta:

“Contrariado em suas aspirações, por quem as devia animar, conhecia-se através de sua fronte calma, o pressentimento duma dor oculta que lhe feria o imo d’alma. Desgostoso de si, fez uma poesia em que se despedia de seus sonhos de glórias, jurando não fazer mais um verso! O Mercantil de 11 de outubro de 1859, publicou essa triste e bela poesia. Quebrou porém o seu propósito para fazer uma à morte de seu Pai, na qual lamentava-se o não segui-lo!… Deus fez-lhe a vontade… daí a seis meses deixou de existir dentre nós, e voou para a sua companhia.”

A poesia a que “F. J.” se refere, publicada em “O Mercantil de 11 de outubro de 1859”, é “Meu livro negro”, trabalho em que, além de agradecer ao amigo Gonçalves Braga as palavras com que saudara a publicação de Primaveras, Casimiro lhe dá a entender que abandonara para sempre a poesia. A outra, sugerida pela frase “Quebrou porém o seu propósito para fazer uma à morte de seu Pai, na qual lamentava-se o não segui-lo!…”, seria provavelmente a que aqui se comenta. Até porque não se sabe de outros versos de Casimiro sobre a morte de seu pai.

Vejam agora este outro trecho do artigo:

“O jovem poeta Casimiro de Abreu era bom filho, bom irmão, e bom amigo; era enfim uma verdadeira alma de poeta. Nesta minha rude linguagem, inspirada pelo dever da amizade, revelo a mágoa extrema que senti pela morte desse amigo de infância, cuja perda pranteio, desde o infausto dia 18 de Outubro de 1860.”

Observem que o autor, que já se referira ao poeta como “distinto amigo”, refere-se agora a ele como “amigo de infância”, deixando transparecer que a amizade vinha dos tempos de meninos e se estendera vida afora.

Pois bem; revendo os nomes conhecidos dos amigos de infância e vida adulta de Casimiro, o único que se encaixa no texto e poderia firmar-se abreviadamente “F. J.”, é Fonseca Júnior, de Rio das Ostras. Seu nome completo era Manoel da Fonseca Silva Júnior, mas tinha por hábito assinar-se “Fonseca Júnior”. Era o mais velho dos filhos de Joana Rosa de Siqueira e seu marido Manoel da Fonseca Silva, a quem José Joaquim Marques de Abreu, pai de Casimiro, era fortemente ligado por elos de amizade e comércio. Eram gente de peso na vida da Freguesia da Sacra Família do Rio São João, bastando dizer que, em 23 de abril de 1847, foi o casal que acolheu o imperador Pedro II em sua passagem por Rio das Ostras. E embora residissem nesse arraial, tinham terras e benfeitorias em Lumiar, o ponto a que nos referimos algumas linhas acima.

Ora; sabendo que, em 2 de maio de 1860, Fonseca Júnior se achava em Lumiar, de onde manda uma carinhosa carta a Casimiro na Fazenda do Indaiaçu, mas também que, no dia 22, a firma Câmara, Cabral & Costa escreve a Casimiro e envia a carta para Lumiar, tenho tudo para unir esses dados e dizer que, na segunda quinzena de maio de 1860, Casimiro passou alguns dias com Fonseca Júnior naquele local.

Havia, aliás, várias razões para isso; inclusive comerciais. Não se pode esquecer que Manoel da Fonseca Silva e José Joaquim Marques de Abreu tinham negócios de vulto, alguns deles clandestinos. Daí que, com a morte do segundo, houvesse muitas contas a serem discutidas e fechadas. Além disso, em Lumiar, Casimiro ficava quase à mesma distância destes três pontos: sua fazenda, Rio das Ostras, e Barra de São João, onde teria assuntos a gerir, inclusive uma provável missa de trigésimo dia que deve ter mandado rezar pelo pai. Assim, deve ter sido em Lumiar que Fonseca Júnior leu o poema aqui estudado, do qual só se conhece o rascunho.

ADENDO 3 — Carta de “Câmara, Cabral e Costa” a Casimiro

1860.mai.22 – Do Rio de Janeiro para Lumiar (próximo a Barra de São João), Câmara, Cabral & Costa escrevem a Casimiro. Papel azul encorpado, pautado, com quatro páginas, tendo na terceira e quarta um grande furo e uma “dentada”. Dois selos de 30 réis, verdes, rompidos. Na primeira página, ao alto, oval em relevo com os dizeres “Câmara, Cabral & Costa. Rio de Janeiro. Rua Nova de S. Bento 37-B”. Original: Coleção Carlos Lopes Abreu, Famalicão, Portugal.

“Ilmo. Sr. Casemiro (sic) José Marques de Abreu

Lumiar

Rio de Janeiro, 22 de maio 1860

Amigo e Sr.

Recebemos o seu prezado favor de 17 do corrente e do quanto nele se serve dizer-nos ficamos cientes e de conformidade.

Debitamos-lhe a quantia de Rs8$840, importância de anúncios e gratificação ao padre que em 18 do corrente celebrou a missa de 30o dia por alma de seu finado Pai. 

Baldos de mais assunto incluímos nota dos preços correntes e duas cartas, sendo uma do nosso sócio Cabral.

Somos com estima

Seus amigos obrigados criados

Câmara, Cabral, Costa.”

1. A importância desta carta está no endereçamento para Lumiar, onde creio que Casimiro passou alguns dias, durante o mês de maio, provavelmente na companhia do amigo de infância Manoel da Fonseca Silva Júnior (“Manduca”), cujo pai tinha terras e casa naquele lugar. Talvez que Casimiro fizesse pouso por lá, para ficar mais perto da Vila de Barra de São João, de que distava (e dista) alguma coisa em torno de 12 km, enquanto a Fazenda do Indaiaçu distava mais ou menos 35. Penso que foi ali que ele compôs o poema (de que resta um fragmento, em rascunho) “Perdão, meu Pai, se em loucos desvarios”. A Fazenda Lumiar pertence hoje ao Dr. Luiz Adílson Bon, dono também da vizinha Fazenda Ventania.

2. Observar que, embora Casimiro trabalhasse em João Baptista Leite & Cia, suas finanças continuavam ligadas a Câmara, Cabral & Costa, de onde fora despedido, mas onde o pai tinha o dinheiro aplicado.

ADENDO 4 — Joana, a mãe de Fonseca Júnior

Joana Rosa de Siqueira, filha do capitão José Amador de Siqueira e de Bárbara Maria da Conceição, nasceu em 1822 e morreu em 1856 aos 34 anos de idade, tendo sido sepultada em Barra de São João. Do seu casamento com Manoel da Fonseca Silva, deixou três filhos (Manoel, João Xavier e José) e três filhas (Joana Maria, Maria Joana, e Bárbara Rosa).

Abrimos um parêntese para dois comentários. O primeiro, é que em 15 de maio de 1835, o pai de Casimiro serviu de padrinho no batismo de Custódio, de três meses, filho de Custódio José Ferreira Costa Guimarães e de Joana de Menezes e Vasconcelos, uma das sete filhas do tenente Francisco da Costa Vasconcelos, cuja mãe também se chamava Joana de Menezes e Vasconcelos.

Acrescente-se que Joana Rosa, a mãe de Fonseca Júnior, era prima-irmã da comadre do pai de Casimiro, e teve também uma filha Joana Maria (falecida em 1865), e outra, Maria Joana, que em 1866 casou-se com o viúvo da irmã. Diante disso, e considerando que tais pessoas viviam num arraial, é fácil compreender a amizade surgida entre os meninos Fonseca Júnior, Casimiro e Sílvio (Sílvio Pinto de Magalhães), também dali e também poeta, mas de quem não trataremos aqui.

O segundo comentário, é que àquela época, como acabamos de ver, existiram em Rio das Ostras quatro Joanas e uma Maria Joana pertencentes ao mesmo grupo familiar, e que foi uma delas (não sabemos qual) que teria dado nome a um conhecido e belo ponto turístico daquelas paragens — a Praia da Joana.

Fechando o parêntese, e voltando a falar da mãe de Fonseca Júnior, temos a dizer que a laje que cobriu seu túmulo (que não mais existe), encontra-se no chão do cemitério local, exatamente ao lado do jazigo de Joaquim Alves Moreira, avô materno do célebre político fluminense Feliciano Sodré. Nela, podem-se ler as belas e carinhosas palavras mandadas gravar por seu viúvo:

“Aqui jazem os restos mortais de D. Joana Rosa de Siqueira, que teve a vida assaz cheia de virtude e mérito, esposa que perdeu e chora Manoel da Fonseca Silva” 

Histórica e culturalmente, o nome de Joana merece ser lembrado. Por ela e por seu filho Fonseca Júnior, um herói brasileiro. Poder-se-ia começar pela lápide aqui citada, que clama por um lugar adequado e digno dela. Não aquele em que se encontra, onde sequer cobre um túmulo, reduzida a uma peça de mármore parcialmente quebrada, restaurada com cimento. Urge que a retirem dali, antes que se esfarele e vire pó, como se deu com a do Vigário João Ferreira Passos, que estava também no chão, onde chegamos a fotografá-la em sua fase final.

Vale lembrar, aliás, que foi o viúvo de Joana, Manoel da Fonseca Silva, e o avô materno de Feliciano Sodré, Joaquim Alves Moreira, moradores e vizinhos de Rio das Ostras, que contratados pelo governo provincial fluminense estiveram à frente das obras de construção da Matriz de Barra de São João, inaugurada em 22 de setembro de 1881 pelo Vigário João Ferreira Passos, o mesmo que fez os óbitos de Casimiro e de seu pai, José Joaquim Marques de Abreu. 

Supomos que um bom marmorista pudesse restaurar a referida lápide, trocando por mármore ou gesso a parte remendada com cimento. Isso feito, protegida por uma moldura de bom gosto e tendo ao lado um texto que a explicasse, ficaria preservada uma história que merece ser lembrada para orgulho de seus conterrâneos.

ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS

“Manoel da Fonseca Silva Júnior” – Acervo de Consuelo Maria Freire Guimarães, descendente do Cap. Fortunato de Campos Freire, a quem a foto foi dada.
Dedicatória no verso da foto ao lado: “Ao meu bom amigo - Capitão Fortunato de Campos Freire, off. Manoel da Fonseca Silva Jr. Potreiro Pires, 10 de Abril de 1867”
Lápide do túmulo do Vigário João Ferreira Passos (Batizado:1814.abr.22 - Falecido: 1894.dez.01). Foto do autor, c.1998.
D. Pedro II em foto a partir de daguerreótipo anônimo, c. 1850, carte de visite. Páginas 23 e 422 de Coleção Princesa Isabel – Fotografia do século XIX, Bia e Pedro Corrêa do Lago, Capivara Editora Limitada, 2008, páginas 23 e 422.
D. Florinda Ludgera de Sá Pinto Magalhães (1844-1890), mãe de Washington Luís Pereira de Sousa in Washington Luiz – 1869-1924, Célio Debes, Imprensa Oficial, 1994.
Manoel da Fonseca Silva Júnior – Página XXIII do 4º vol. de A campanha Lopezguaya, pelo General de Brigada Mário Barreto. Oficinas do “Centro da Boa Imprensa”, Rua Buenos Aires, 253, Rio de Janeiro, 1930.
Lápide de Joana Rosa de Siqueira. Foto: Maurício Rocha, junho de 2024. Vê-se o quanto se perdeu ao compararmos as palavras que restam com aquelas que registramos em 1998 e transcrevemos no Adendo 4.
“Drs. Macedo Soares, Dantas, Noronha e Capitão Fonseca” – Foto após a página 52 do 3º volume de A campanha Lopezguaya, pelo General de Brigada Mário Barreto, Papelaria Brasil, Rua Buenos Aires, 192-196, Rio de Janeiro, 1929.
Fortunato de Campos Freire – Participou da Guerra do Paraguai como comandante de Voluntários da Pátria com distinção. Foi elogiado pela bravura demonstrada nas batalhas de Tuiuti, Ponte de Itororó, Avaí e Lomas Valentinas. Foto de 1865.
Lápide do túmulo de Joaquim Alves Moreira, avô materno de Feliciano Sodré. Foto: Maurício Rocha, junho de 2024.
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